O Pagamento Final - Brian De Palma


Considerado por muitos como a obra-prima de Brian De Palma, O Pagamento Final agrupa todos os elementos para ser considerado um dos melhores dentre os melhores de seu gênero. Primeiro, o elenco intocável, do qual faz parte Al Pacino, o protagonista Carlito Brigante, Sean Penn, como David Kleinfeld, seu advogado subvertido e ambíguo, entre outros. Segundo, a forma de narrativa escolhida. Contada em primeira pessoa, desde o início temos conhecimento do final trágico de Carlito. Prestes a morrer, ele narra sua história a partir do momento em que foi solto da prisão, onde passou cinco anos por tráfico de heroína. Logo na audiência de absolvição, ele deixa clara a decisão de não mais se envolver com nada ilegal. Não obstante, no momento em que se vê livre, passa a ser vítima de circunstâncias desfavoráveis.
Ao realizar uma visita ao bairro porto-riquenho no qual crescera, participa de um assassinato múltiplo de um chefão do tráfico e seus comparsas. Nesse incidente, angaria uma quantia que utiliza para se tornar sócio na boate de seu advogado, David. Carlito resolve trabalhar honestamente a fim de conseguir o que lhe falta para investir no ramo automobilístico e ter uma vida tranqüila nas Bahamas. Contudo, seu gênio e suas companhias o precipitam vertiginosamente à autodestruição. Por orgulho, ofende e desentende-se com o seu substituto no ramo do tráfico de heroína, Benny Blanco. A discussão termina com juras de morte. Porém em um breve momento de hesitação, Carlito decide deixá-lo vivo.
Assim que se estabelece na boate, Carlito reencontra e reconquista sua antiga namorada, Gail.  Os dois planejam sonhadoramente um futuro distante de toda a sujeira que os cerca.  No entanto, os acontecimentos consecutivos somente os afastam de seu objetivo. David, sob ameaças de um de seus clientes mafiosos, é obrigado auxiliar em sua fuga. Carlito toma parte no resgate por se sentir em débito com David. Nada acontece como o planejado, David perde o controle e acaba assassinando o cliente e seu filho, comprando para si mesmo e Carlito uma briga com os demais mafiosos. Começa então o clímax instigante e angustiante criado por Brian De Palma. Ficamos absolutamente absortos pelo desenlace fatal da história.
Nesse clima de incerteza, Gail informa a Carlito que está grávida. Os dois são abordados na rua por alguns policiais e intimados a acompanhá-los. Eles mostram uma gravação que evidencia o intuito de David de trair Carlito. Diante disso, os policiais exigem que ele confesse a participação de David na morte do mafioso e de seu filho. Fazendo-se de desentendido, Carlito nada revela. Decide, porém, tirar a limpo a história com David, que se encontra hospitalizado após sofrer uma tentativa de assassinato.  Logo que constata a veracidade dos fatos, Carlito antecipa a partida com Gail para as Bahamas. O casal combina de se encontrar na estação de trem. Carlito vai à boate pegar suas economias. Lá encontra, à sua espera, alguns antigos conhecidos da máfia. Prevendo uma possível vingança por parte deles devido ao assassinato do mafioso, Carlito não perde tempo: foge. Inicia-se uma perseguição aflitiva. Nós, telespectadores, sentimos cada emoção do fugitivo, tememos cada passo em falso, sofremos com ele. Por fim, na estação, quando consegue se livrar de todos os mafiosos que estavam ao seu encalço, avista Gail e seu segurança, Pachanga, à porta do trem. Carlito esquece tudo, e corre em direção a Gail. Esse é o seu erro, no último momento, ele se descuida. A jura de vingança se consuma pelo tiro terminante despendido por Benny Blanco. O inimigo vivo, a morte certa. 


Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez

  Este é um livro do qual você nunca esquece e sempre sente saudade. Pelo menos comigo é assim. Estamos no começo de 2012. Há exatamente um ano, eu o li. E, ah, daria tudo para tê-lo em mãos agora. García Márquez consegue como ninguém contar uma inesquecível história. Merecido ganhador do Prêmio Nobel de 1982, Cem Anos de Solidão é um dos melhores livros de todos os tempos.
   Gabo nos conduz a um passeio por cem anos da família Buendía. A história cria vida na cidade de Macondo, a qual acaba tomando os moldes de um personagem. Desenvolve-se, cresce, muda, envelhece, assim com Úrsula, a mãe, José Arcadio, o patriarca e também os filhos, netos e bisnetos. Várias gerações descendentes da mesma solidão.
   Acompanhamos o início da loucura sonhadora de José Arcadio e seu paulatino distanciamento. A responsabilidade de Úrsula por toda a parte prática da vida familiar. A criação dos filhos, os afazeres domésticos e as preocupações. Desde a primeira página do livro sua força é evidenciada. A partir dos três filhos do casal, José Arcadio, Aureliano e Amaranta, a família se expande. Personagens periféricos, como Pilar Ternera, Melquíades e Rebeca não perdem em encanto e mistérios para os demais. Pilar Ternera, responsável por introduzir o jovem José Arcadio nos segredos da paixão. Melquíades, o cigano, cuja influência foi terminante para José Arcadio Buendía pai. E a pequena Rebeca, vinda de um longínquo povoado com os restos de sua mãe morta em um saco e uma carta para José Arcadio. A voz de Úrsula faz-se ouvir durante todo o livro. As reflexões mais sábias são suas. Ela vê as histórias se repetindo como em um ciclo. Os José Arcadio's cometendo erros semelhantes. Os Aureliano's filhos do Coronel Aureliano perdidos mundo a fora. Enfim, um leque de personagens interessantíssimos que se revezam ao longo dos cem anos, mantendo viva a família Buendía.
  Certa vez, li na contracapa de algum livro de García Márquez que o que mais inspirara sua obra viera das histórias que ouvira na pequena cidade de sua infância. Creio que todos nós temos nossa Macondo. E que todas as famílias, caso observadas atentamente, constatariam sua inelutável solidão.
  Cem Anos de Solidão é o retrato universal da família. A família como um corpo, no qual cada membro é insubstituível e único.

Recomendo!

O REGRESSO...

Ontem lembrei desse blog. Até hoje não consegui desenvolver o hábito de escrever diariamente aqui. Minha última postagem foi feita há mais de um ano! Ando às voltas com um problema e acho que talvez a solução esteja aqui. Encontro certa dificuldade em fazer o que preciso, aliás, o que devo fazer. Creio que metas seriam úteis. Portanto, a partir de hoje, escreverei uma resenha literária e uma resenha cinematográfica por dia. Que tal? É um belo desafio para 2012...