P a l a v r a s

    O cursor piscava infatigavelmente. Aquele piscar perpétuo me pressionava a digitar algo em resposta porém nada. Tudo escapara à minha mente. Como se aquelas palavras tivessem calado todas as minhas palavras. Vazio. Odiava essa sensação insustentável de não saber o que dizer. E pior do que isso, não saber o que responder. E quem gosta? 

Acaso

Cadernos e livros, roupas e tênis jogados. O meu caos existencial tão grande quanto ou até maior que o caos de papéis no piso de madeira do quarto. Pego o dicionário abandonado aos pés da cama. Abro-o aleatoriamente. Junto-me às coisas no chão. Caos. Leio o topo da página na qual abri o dicionário. Letra S. Palavra "seduzível". Acaso? Acaso. Caos.

Sobre como eu me apaixonei pelo Nelson Rodrigues (O Anjo Pornográfico)

"De onde resultam as tragédias amorosas? Resultam, precisamente, do fato de que ninguém escolhe certo, mas escolhe, quase sempre, errado. Vou mais longe: a gente não escolhe nem certo, nem errado. A gente não escolhe. Gostamos e deixamos de gostar, por uma série de fatores estranhos à nossa vontade. De forma que, em realidade, tudo é uma pura e simples questão de sorte."  pág 220, O Anjo Pornográfico, Ruy Castro

Sei lá

O problema quiçá seja nós não nos conhecermos o suficiente. Conhecermos um ao outro e a nós mesmos. Quero escrever. Escrever loucamente sobre isso. Tirar esse amargo do meu peito. Essa dor insana e incongruente. Escrever porque é a única coisa que eu sei fazer e nem tanto assim. Escrever porque quando eu escrevo é como se por um nanoinstante sei lá.

Escritos do bloquinho roxo

"Hoje eu estava mexendo nas minhas coisas e encontrando as suas. Seus livros na mesa, seus cds esquecidos na estante. Tenho tantas coisas suas pra devolver. Inclusive o seu coração. É. Eu sei que você me deu ele. Não adianta negar. Talvez eu devesse aceitá-lo. Sei lá! Ele parece tão diferente das minhas coisas. Vou deixar ele mais um tempo na minha escrivaninha enquanto não decido a juntar ele ao meu."